quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Onde estão os negros da Argentina?


Nesta viagem me espantei um pouco pela ausência de afrodescendentes em Buenos Aires. Foi minha segunda viagem à Argentina (e olha que viajei de carro) e posso afirmar que não esbarrei com nenhum negro argentino. Encontrei apenas dois, mas eram turistas, um em Mendoza e outro em Buenos Aires.

Pesquisando na internet, encontrei em um "blog amigo," (http://afoxe.blogspot.com), uma análise bastante interessante sobre esse tema e o reproduzo aqui:

"Na Argentina não tem negros porque foram todos mortos há pouco mais de um século. Jorge Lanata é um dos mais importantes jornalistas argentinos, fundador do diário “Página/12” e autor de Argentinos (em espanhol, Editora Argentina), uma belíssima história de seu país em dois volumes, lançada em 2002. Nos livros, ele batiza os negros de los primeiros desaparecidos, referência aos mortos pela ditadura militar recente. E traz números: no censo de 1778, 30% da população tinha origem africana. A proporção se mantém no censo de 1810, cai para 25% em 1838. Em 1887, repentinamente, compõe menos de 2%. Mas no início, bem no início, há depoimentos de que a proporção de negros e brancos em Buenos Aires chegou a ser de 5 para 1.

Durante seu primeiro século de vida, a capital argentina sobreviveu às custas do comércio negreiro. No século 16 até a primeira metade do 17, a coroa espanhola drenava o ouro e a prata do Potosí, na atual Bolívia. Foi este o negócio que batizou o Rio da Prata – e foram principalmente mãos negras que tiraram das minas subterrâneas os metais que sustentaram a Europa. Os escravos que trabalharam no Potosí vinham principalmente de Angola. Eram negociados pelos peruleiros, que faziam a rota Potosí-Buenos Aires-Rio-Luanda. O Rio de Janeiro também sobreviveu economicamente por conta do tráfico, numa época em que o açúcar do Nordeste era de qualidade muito maior. No Rio chegavam os escravos, pagos em boa parte não com dinheiro mas com açúcar, cachaça, mandioca e tabaco, que serviam de moeda de troca na África. Os escravos eram transportados então para Buenos Aires, onde entravam ilegalmente, e enviados Prata acima até as minas. Era um jogo onde todos, inclusive os governadores, eram contrabandistas. A relação na rota de tráfico entre Rio e Buenos Aires era tão íntima que, quando veio a separação da União Ibérica, os cariocas chegaram a sugerir aos hermanos que se bandeassem para o lado português.

Como no Brasil, todo o serviço, doméstico ou não, nos séculos 17 e 18 foi feito por mão-de-obra negra e escrava na Argentina. Então desapareceram e a história local ensinada nas escolas se cala sobre o assunto. Francisco Morrone, autor de Los negros en el ejército: declinación demográfica e disolución, é um dos historiadores que tenta recuperar o que houve. Segundo Morrone, uma das coisas que aconteceu foram casamentos mistos que, lentamente, clarearam a pele de filhos e netos. É o tipo da resposta que explica quase nada. Mas aí ele mete o dedo na ferida.

A abolição da escravatura na Argentina começou em 1813, foi confirmada pela Constituição de 1853 – bem antes à brasileira. Durante o século 19 todo, o país se meteu numa guerra após a outra. Contra invasões por parte de Inglaterra e França, então a Guerra da Independência seguida do banho de sangue da luta interna entre caudilhos pelo poder e culminando com a Guerra do Paraguai, na qual seguimos aliados. Por todo este período belicista, a Argentina pôs seus negros na linha de frente dos exércitos, os primeiros a levar tiros, às vezes de espingardas – muitas vezes servindo de isca para que o inimigo gastasse as balas de canhão.O golpe final foi a grande epidemia de Febre Amarela em 1871, que se abateu sobre os bairros de Buenos Aires para onde os negros que sobraram foram transferidos. Depois, nos primeiros anos do século 20, assim como no Brasil, houve uma enorme migração européia, principalmente de italianos, que marcaram o sotaque portenho como marcaram cá o paulistano. A diferença é que, a essas alturas, os poucos mulatos não tiveram melanina suficiente para escurecer a pele da população restante.

A Argentina teve, sim, escravos, exatamente como o Brasil e na mesma proporção. Nos momentos seguintes à sua independência, aboliu a escravidão para pôr em marcha uma política de branqueamento da população. No caso, isso quer dizer genocídio. Diga-se de passagem, nos primeiros anos da República isto foi motivo de inveja por parte do governo brasileiro. Não há inocentes."

Mais informações sobre o tema:

www.pagina12.com.ar/2001/suple/No/01-07/01-07-05/NOTA1.HTM

www.cwo.com/~lucumi/argentina.html

news.bbc.co.uk/hi/spanish/misc/newsid_2285000/2285932.stm


reproduzido de: http://afoxe.blogspot.com/2007/06/onde-esto-os-negros-da-argentina.html

acessado em 07/10/2009






domingo, 5 de outubro de 2008

Estamos em casa!

Estamos em casa!

Já peço de início desculpas pelos erros, que podem ser ortográficos, de localização, percepção ou outros mais.

Prometo que qualquer dia "finalizo" o blog, ok? Abraços.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Diário sem recheio.

Diário sem recheio.

Explico o título. Ta faltando tempo pra escrever, então pra não deixar a data da última postagem se distanciar muito vou escrever algumas linhas só pra dar nosso paradeiro e depois, com calma, escrevo os detalhes de cada situação e ilustro com fotos.

No segundo dia em Buenos Aires vistamos a famosa Casa Rosada, sede da presidência Argentina e depois tomamos o metrô até o famoso bairro da Recoleta. Visitamos o cemitério, que é uma galeria de esculturas ao ar livre e onde estão sepultadas as principais personalidades da Argentina. É como se houvesse um cemitério em pleno bairro de Ipanema onde os ricaços fossem enterrados. É claro que a maioria dos magníficos túmulos foram ornamentados com esculturas há algumas décadas e realmente é impressionante. Tem visitas guiadas pelo cemitério em espanhol, inglês e português. A Recoleta é também um centro gastronômico, mas muito voltado para turistas. Meio pasteurizado.

Depois passeamos pelas ruas do bairro onde se vêem várias lojas de grifes famosas e só. Nada mais do que um bairro chique...

À noite fomos num bar interessante com um casal de amigos brasileiros, que também estavam em Buenos Aires, o Temple Bar, onde se pode degustar mais de 30 tipos de cerveja, mas ficamos mesmo com alguns litros da excelente Stella Artois.

No dia seguinte fizemos um programaço. Levamos Sofia no Zoológico de Buenos Aires no famoso bairro Palermo, considerado o pulmão de Buenos Aires devido à grande concentração de áreas verdes. Os parques são monumentais!!! Só vendo.

O Zoológico de Buenos Aires é de primeira, inclusive indicado pela National Geographic. Então dá pra imaginar o padrão né. As crianças podem interagir com os animais dando alimentos aos bichos. Não precisa dizer o quanto Sofia curtiu.

Saímos ontem pela manhã de Buenos Aires (foi interessante passar de carro pelos arredores da metrópole e poder ver os bairros pobres e favelas da capital federal, que ficam escondidas nos arredores e como disse um amigo, para não nos esquecermos que a Argentina fica no terceiro mundo). Dirigimos até Paso de los Libres (Argentina), na fronteira com Uruguaiana, extremo sul do Rio Grande do Sul. Acho que o nome Paso de los Libres é pra gente passar rápido por lá. Os hotéis são caros e ruins. Os baratos são inabitáveis, tipo dormir numa oficina mecânica, mas tudo bem, viagem de carro tem dessas coisas.

Rodamos todo o dia e depois de uma rápida passada em Posadas, na província de Misiones, chegamos a Puerto Iguazu, na fronteira com Foz do Iguaçu. Vimos um camping muito legal onde ficamos hospedados.
Paramos pra dormir em Avaré, htamos hospedados aqui. Amanhã, depois de uma passadinha em Ciudad Del Leste, no Paraguai, seguiremos para o Rio.
Estamos em Avaré, há 270 Km de São Paulo. Chegaremos hoje à tarde.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

De Punta Ballenas à Buenos Aires.

Depois de Montevideu fomos em direção à famosa Punta del Este. Já sabíamos dos preços pra lá de salgados da hospedagem e tínhamos a indicação de ficarmos próximos ao balneário, uma boa dica é Maldonado que fica há uns 8km de Punta. Mas estávamos mesmo era atrás de um camping. Entramos numa lan (aliás é o melhor guia turístico que se pode ter, especialmente os sites www2.uol.com.br/oviajante e http://www.mochileiros.com/). Encontramos um camping em Punta Ballena (http://www.campinginternacionalpuntaballena.com/), numa serra à 2km da praia. Muito bom, com uma super-estrutura (piscina, parque infantil, restaurante, mini-mercado, sinuca, internet, jornaleiro, serviço de lavanderia, etc...) por R$36 nós três. Para se ter uma idéia, um apartamento tripo simples em Punta Ballena estava saindo a US$90, ou seja, uns R$160. Ficamos no camping duas noites.







Entrada do Camping em Punta Ballena.






Punta Ballena é um balneário bem interessante e badalado, com restaurantes que oferecem shows de rock montados em palcos à beira-mar ou quem preferir curtir um jazz pode ficar num mais reservado. Acontece a partir de hoje um show com o Itiberê Zwarg Quinteto, do grupo do Hermeto Pacoal. Vale a pena ficar no restaurante El Divino à beira da praia, o atendimento é ótimo e o local é agradabilíssimo.

Vista externa da nossa acomodação no camping.


Praia de Punta Ballena.














Em Punta Ballenas não se deve, de forma alguma, deixar de visitar o ateliê do muralista, escultor, pintor, ceramista, arquiteto.... Carlos Paez Vilaró (http://www.carlospaezvilaro.com/), enfim um artista singular e que não pertence apenas ao Uruguai, mas ao mundo e que tem um carinho especial pela cultura brasileira o que muito nos emocionou.



Vídeo com a vista de Punta Ballena, onde fica a casa de Vilaró.
Demos um passeio por Punta del Este. É cinematográfico, com ruas organizadinhas rodeadas por palmeiras tipo Bevely Hills, marinas e carros importados, etc. Pra quem já tem uma idéia, é mais um canto onde se enfiam os milionários de cada país. Apesar de ser chique e sofisticado o lugar cheira a lavagem de dinheiro, corrupção e botox.
No dia 07-01 fomos para Colônia do Sacramento, ou Colonia del Sacramento (http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_do_Sacramento). Uma cidade única. Lembra muito nossas cidades históricas como Parati e Tiradentes, com suas ruas "pé-de-moleque" e seu clima de cidade pequena. Colonia fica às margens do Rio da Prata, onde pegamos o "Buquebus" (http://www.buquebus.com/) até Buenos Aires. São três horas de travessia numa barca que parece um cruzeiro. Tem ar-condicionado, freeshop, salão de jogos e o escambau. Dá pra transportar o carro, mas o preço é salgado. Pagamos uns R$250,00 para três pessoas e o carro, sendo que a Sofia paga com desconto. Tem ainda US$16 de taxa de embarque do carro. Mas é a melhor alternativa para ir do Uruguai até a Argentina.











Nascer do Sol no Rio da Prata fotografado do Buquebus.


Probleminhas...

Tenha atenção quando vier de carro de Montevidéu para Colonia. A rodovia Ruta 1 é vigiada por câmeras que medem a velocidade e logo na frente você é parado por policiais que já vêm com o bloquinho na mão. O que me parou disse que eu estava a uma velocidade de 122 km/h quando a velocidade permitida era de 90km/h naquele trecho e que inclusive tinha a foto do "delito". Eu sei que realmente estava. Andar a 100km naquelas estradas é um pouco difícil, são um convite pra "meter o pé". Ele disse que eu teria que pagar uma multa, eu disse que não tinha visto direito, apontei para uma placa logo à frente que mostrava 110km/h. Ele foi simpático (acho que porque estava com uma camisa alvinegra, rsss) e me liberou, mas ao longo da estrada vi vários carros sendo parados, então, alerta!
Na hora de embarcar no Buquebus temos que passar pelo setor de imigração. Viram que nosso passaporte não estava carimbado com o visto de entrada no Uruguai e aí encrencaram, ou seja, eles erram e você paga a conta. Tivemos que desembolsar R$150 de taxa para sermos liberados. Um funcionário da aduana uruguaia nos chamou numa sala no canto e recebeu o dinheiro para dar 3 carimbadas, uma parada meio estranha...mas nessas horas não adianta encrespar ou dificultam mais ainda sua vida. Então quando entrar em qualquer país sinalize para que registrem sua entrada. Aliás já sabíamos disso antes, mas na hora o que menos a gente quer é chamar a atenção pra evitar o aumento da burocracia, depois vem o custo.
Dentro do Uruguai tudo é ótimo, menos o café da manhã e pra entrar e sair. Mas valeu, o país como disse é divino.


Buenos Aires


Desembarcamos sem saber aonde em Buenos Aires (isso que é interessante em uma viagem assim...logo descobrimos que estávamos em Puerto Madero, claro, rsss.). Entramos em algumas ruas, pegamos uma avenida chamada Juan de Garay, depois a Av. La Plata e saímos no bairro Almagro, perto da estação de metrô Rio de Janeiro. Fomos pelo cheiro, rsss... o bairro é longe das áreas turísticas, mas foi bom pra conhecer...Lá entramos numa agência de turismo, depois numa lan house e saímos de lá com o nome do hostel Portal del Sur (http://www.portaldelsurba.com.ar/). Um charmoso casarão de 150 anos cheio de estilo com uma diária por pessoa de US$13.
A cidade de Buenos Aires revela uma arquitetura de cair os queixos. Imensa, cosmopolita, cultural e viva!
Depois de mais umas voltas nos arredores, descansamos e fomos ao tradicional bairro La Boca em busca de uma indicação de restaurante do camarada Marcos Velho aí do Brasil. Encontramos um lugar surpreendente, o Restaurante El Obrero (www.guiaoleo.com.ar/detail.php?ID=410). Magnífico! É fora da badalação turística e até difícil de encontrar. Oferecem comida e atendimento de primeira e um preço pra viajante, não pra turista. Excelente dica.
Ah, claro, dei uma olhada en La Bombonera, futuro palco das glorias sulamericanas do meu FOGAO.

domingo, 6 de janeiro de 2008

De Torres à Montevidéu.

02/01/2008

Saímos de Torres ao meio-dia e fomos em direção à Campanha Gaúcha, a região vitivinicultora mais promissora do Brasil devido às suas peculiaridades climáticas, já que tem um clima mais seco do que o da Serra Gaúcha. Havíamos traçado nossa passagem pela região começando por Bagé, depois por Dom Pedrito e chegando à Santana do Livramento para isso nos baseamos em um site de vinhos (www.sitedovinhobrasileiro.com.br/folha.php?pag=mostra_regiao.php&num=CAM) e em informações dispersas sobre a região.
Depois de 8 horas e meia de viagem, descobrimos que Bagé, uma cidade tipo Itaperuna, não tinha nada pra oferecer de turismo para vinho Imaginei um passeio tipo Vale do Loire, rsss. Caros amigos, a Campanha é um tremendo vazio...linda paisagem, mas “totalmente vazia”. De Porto Alegre até Bagé (uns 400km), se vê pouca coisa, além de um calor intenso, seco e abafado. Mantenham o tanque cheio para não terem surpresas, porque vão encontrar vastas, vastas e vazias coxilhas.
Chegamos em Santana do Livramento por volta de 11 da noite e nos informamos sobre o camping que há do lado uruguaio, em Rivera (cidade fronteiriça com Santana do Livramento), no Parque Gran Bretaña. Fica à uns 7km do centro de Rivera, praticamente uma zona rural.
Bom, chegamos e o parque é enorme, tudo meio ermo, mas havia vigia um que nos atendeu àquela hora. Tudo com muita educação e presteza, aliás, essa é uma característica do uruguaio. O valor para estadia no parque é quase simbólico ($48), ou R$4,50 por pessoa. Armamos nossa barraca e ficamos por lá mesmo.





Entrada do Parque Gran Bretanã, em Rivera (Uruguai).












Local onde acampamos no parque.









Lago no Parque Gran Bretaña.
03/01/2008

Fomos atrás de um outro camping, pois no Gran Bretaña estava um pouco sujo devido ao grande movimento do fim do ano, além disso estava armando chuva.
Através de um livreto turístico das cidades, encontramos a Posada del Bosque (http://www.posadadelbosquerivera.com/). Um sítio-pousada extremamente familiar, aconchegante e tratado cuidadosamente pelos proprietários. A recepção e o atendimento foram excelentes, sem falar na simplicidade e conforto das acomodações. Se vier à Santana do Livramento não precisa nem procurar lugar pra ficar, vá direto à Pousada Del Bosque, nem que seja pra bater um papo com Antônio e sua mãe, Norma, pessoas espetaculares.
Nós e os amigos Antônio e Norma da Pousada del Bosque.
Santana do Livramento/Rivera .

A fronteira do Brasil com o Uruguai é muito interessante. Os dois países são divididos por uma praça, a Praça Internacional onde se encontram lado a lado as bandeiras dos dois países, ou seja, para atravessar de um país ao outro é só atravessar a praça. De cada lado da praça podemos ver as características de cada país, como os letreiros em cada língua, os pontos de táxi, etc. No entanto, brasileiros e uruguaios convivem em plena harmonia, por isso essa é conhecida como a fronteira da paz.
Vale muito passear pela rua Sarandi, a principal de Rivera. É uma rua muito descontraída, com lojas, restaurantes e o movimento de pessoas que se divertem até altas horas da noite. É uma mistura saudável dos dois povos e podemos dizer que é relativamente seguro circular pelas cidades. Para se ter uma idéia, existem bancas de câmbio, onde se negociam pesos, dólares e reais ao ar livre e sem grandes aparatos de segurança. As lojas exibem produtos importados à noite em grandes vitrines sem grades ou vigias, sem dúvida o clima é muito mais tranqüilo ao que já estamos habituados.
As bandeiras dos dois países na Praça Internacional.

O rural e o urbano.

Essa é realmente uma região onde percebemos ainda, a segmentação campo-cidade, pelo menos sob o ponto de vista físico. Os núcleos urbanos são quase que imediatamente limitados por zonas rurais. No caso de Rivera, por exemplo, após 5 ou 6 quadras já nos deparamos com sítios, áreas descampadas e terrenos vazios. Essa é uma característica do Sul do Brasil e dessa região. Ao passar por Porto Alegre e atravessar a ponte em direção à Guaíba, praticamente entramos em uma zona rural interminável. Dirigimos até Bagé e não atravessamos mais nenhum centro urbano. Isso chama a atenção porque estamos acostumados a uma grande metrópole como o Rio de Janeiro em que a conurbação é uma característica marcante do espaço metropolitano, ou seja, o espaço urbano é bastante contíguo.


04/01/2008

Passamos praticamente o dia em Santana do Livramento e acabamos por não visitar nenhuma vinícola. Ficamos entre fazer câmbio, compra a Carta Verde e almoçar. Havia próximo ao centro a Bodegas Carral, mas estava um pouco tarde e decidimos seguir viagem. Saímos por volta de 17h em direção à Montevidéu, uns 500km de Santana do Livramento. Na aduana só nos pediram a Carta Verde e a autorização de saída do veículo do país. Não pediram documentos do carro ou nossas identificações e nem revistaram o veículo. Não fomos parados durante o trajeto. Muito tranqüilo.
Pagamos uns 4 pedágios entre R$3,50 e R$4,50 até Montevidéu numa estrada (Ruta 5) que é um tapete.

Uruguai: um país bovino, ou melhor, divino!

A Ruta 5 (Rivera-Montevideu), corta longas extensões de pampas onde o que predomina são os pastos para a criação de gado. Com uma população de cerca de 4 milhões de habitantes, o Uruguai já foi considerado a Suíça da América do Sul, não apenas por ser um paraíso fiscal, mas também pela qualidade de vida da sua população. O Uruguai é um país com um grande número de adultos e idosos e uma economia que atravessa um longo período de estagnação o que estimula um grande número de jovens a deixarem o país, principalmente rumo à Europa. A sua base produtiva é a agropecuária e sua indústria está ancorada no beneficiamento destes produtos, como a produção de laticínios, carne, lãs, óleos vegetais, etc. Corta-se o país de norte a sul em poucas horas e não existem grandes centros urbanos. Tanto o Uruguai quanto a Argentina viveram seu auge econômico até o terceiro quartel do século XX, mais precisamente entre as décadas de 30 e 70, quando viveram períodos de grande prosperidade e seus governos, de certa forma, investiram em infra-estrutura e na qualidade de vida das suas populações, como educação e saúde. Percebemos esses tempos áureos na arquitetura das cidades, já um pouco acinzentadas.

Os preços

Os preços no Uruguai são mais ou menos os mesmos que no Brasil, para hospedagem por exemplo, mas a comida é mais barata. Um Real compra cerca de 11 pesos uruguaios. Uma boa referência é o combustível. Um litro de gasolina (mas gasolina!!!), custa R$2,90 e uma cerveja pequena R$2,10. Mesmo assim tem sido mais vantajoso fazer turismo nos países do Mercosul do que no Brasil, onde os preços são altos (hospedagem e alimentação) e as estradas são péssimas.

De forma geral, nestes países os gêneros de primeira necessidade têm preços bastante acessíveis para a população o que torna o custo de vida menos penoso para os mais pobres e para a classe média. O país é bem organizado e as pessoas levam uma vida simples, mas digna.

Montevidéu

Com seus 1,5 milhão de habitantes e localizada às margens do Rio da Prata, Montevidéu é uma belíssima e imponente cidade, com dezenas de imensos parques e praças cortadas por avenidas muito largas e arborizadas.

Quando chegamos na cidade já passava da meia-noite. Rodamos um pouco de carro até chegarmos ao centro, onde encontramos o Royal Plaza Hotel, na Azevedo Diaz, em Trez Cruces, no Centro, próximo à calle 18 de Julio, um 3 estrelas que custa U$55 o apartamento triplo, sem café da manhã. Modesto, mas bem razoável.



Vista de Montevidéu do Cerro Montevideo, onde há um forte.
No dia seguinte fomos tomar café e passear um pouco pela cidade. O que não há de pessoas e urbanização no restante do país encontramos em Montevidéu. A cidade é imensa!!! Tem uma arquitetura charmosa que combina arquitetura moderna, clássica e colonial. O sítiourbano está sobre uma grande península banhada pelo Rio da Prata.
Praça da Independência, no centro histórico de Montevidéu.
Estamos num camping sensacional em Punta Ballenas ao lado de Punta del Este. Depois, mais fotos e detalhes.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Torres: uma agradabilíssima surpresa.

Chegamos à Torres no final da tarde em busca de lugar pra ficar. Tudo lotado por conta do reveillon. Fomos à Secretaria de Turismo e nos auxiliaram fornecendo mapas e roteiros turístico da cidade além de ligarem para alguns hotéis e pousadas. Mas o único lugar que haveria possibilidade dependia de uma desistência que não se concretizou. Quando já estávamos meio desanimados nos deparamos com um camping (Camping Mampituba www.torres.tur.br/camping.htm) e lá o sr. Gervásio, com uma boa vontade incrível, nos ofereceu uma vaga, mesmo com o camping lotado e uma modesta barraquinha de camping. Achamos melhor ir ao centro da cidade e comprar uma barraca, colchão inflável e roupa de cama. Compramos nossos apetrechos e nos instalamos no camping.
Foi a melhor coisa que fizemos! Tem até Internet sem fio. Quem nunca esteve num camping não sabe o que está perdendo desta formidável experiência coletiva.
O camping fica há 5min de carro da praia onde aconteceram os 15 min. de queima de fogos na Praia Grande. Nada mal. Melhor ainda foram as 2 horas de show com Dudu Nobre. Nos sentimos em casa.


Fundada em 1809, Torres faz divisa com Santa Catarina e é um dos quatro municípios mais antigos do Rio Grande do Sul com uma população aproximada de 35 mil habitantes. Dista 280km de Florianópolis e 200km de Porto Alegre.
Ficamos mais um dia para conhecer parte dos recantos naturais do município. Olhando as fotos acho que não preciso descrever muita coisa né?
Entrada do Parque da Guarita.

Mais encantadores do que as belas paisagens naturais são os habitantes de Torres. Que simpatia, que hospitalidade e que boa vontade em nos servir e fazer-nos sentir bem. Os preços também são honestíssimos. Aqui se come bem com pouco, se comparado ao que se consome no Rio. Se passarem por aqui não deixem de comer o bife da Churracaria Mirim, na Estrada do Mar, na entrada de Torres. Pra quem está acostumado a ser expoliado nos fast food e steakhouses que enfeitam seus cardápios-armadilha com nomes de sanduíches do tipo mega flash burger ou super jalapeño burger e encenam decorações com motos, luvas e bolas de baseball penduradas nas paredes e nos cobram R$30,00 em um sanduíche, é de dar vergonha.

As praias e as vistas das torres (três formações basálticas que dão nome à cidade), são deslumbrantes. Você pode passear pela cidade e pelos pontos turísticos e o melhor: não se cobra pra estacionar em local algum e também não há flanelinhas enchendo o saco. Pagamos apenas R$ 3,00 para entrar no Parque Estadual da Guarita que dá acesso a duas das torres.
Existem poucos semáforos e não vimos guardas de trânsito, demonstrando o nível de civilidade dos cidadãos. A cidade é realmente surpreendente e mais surpreendente ainda é ouvirmos tão pouco sobre paraísos brasileiros como estes. Não é de se estranhar que a Argentina receba o dobro de turistas que o Brasil. Falta-nos mais habilidade em divulgar nosso país.

Esse é o Rio Mampituba, que divide os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.








Um boné em homenagem aos camaradas Mao e Ho Chi Minh.




Salto de Parapente em Torres (mas esse não sou eu, rsss.)















Os rochedos de Torres.









Sofia na Praia da Cal.

















Cris posando de madame.







A
Volta.

Para vocês terem idéia das defesas que criamos por vivermos em uma cidade onde somos garfados o tempo todo, aí vai uma historinha.
Quando voltamos da praia após a festa do ano novo pegamos um táxi para o camping. Sabíamos que o valor da corrida era em torno de R$10,00. Estava um pouco engarrafado e o camping fica na pista contrária ao sentido de onde vínhamos e ao passar em frente ao camping pedimos o motorista que nos deixasse ali para atravessarmos, já que o retorno era um pouco distante. Ele então respondeu, com aquele jeito incisivo do gaúcho: “vocês vão dar a volta comigo tchê!”. Não respondemos nada, mas ficamos pensando por dentro: “esse filho da mãe quer dar a volta para nos cobrar mais caro.” Ele fez o retorno e valor havia pulado para 17. Demos R$50,00 para pagar a corrida e ele nos disse: “vocês não tem 10 pila aí? Eu não vou cobrar a volta.”, ou seja, ele apenas queria que ficássemos na porta do camping. Isso nos fez pensar no quanto é ruim viver em um lugar onde a cultura da vantagem predomina. A gente acaba pensando e muitas vezes praticando esse forma de comportamento. Viva Torres! (http://www.torres.com.br/).

Vídeo da erosão marinha nas falésias de Torres.




Salto de parapente em Torres.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Beto Carrero

Saímos de Curitiba em direção a Florianópolis com a intenção de passarmos o réveillon por lá. A viagem é linda. Pegando a BR-376 (na verdade uma continuação da BR-101). O trajeto se dá pela face oeste da Serra do Mar entre vales com a paisagem da densa Mata Atlântica. A boa conservação da rodovia, tanto no Paraná quanto em Santa Catarina ajudam a viagem.
Beto Carrero

O parque temático do Beto Carrero fica no meio do caminho entre Curitiba e Florianópolis, então decidimos dar uma passadinha pra aliviar um pouco o estresse e pra presentear nossa Sofia. Achamos um pouco salgado o preço (R$75 adulto e R$63 criança). Mas depois tivemos que concordar que o custo além de valer a pena justifica-se. Não deve ser barato manter um empreendimento daquele. São 14 milhões de metros quadrados numa área formada por vales, florestas, vegetação de mangue e 7km de praias. O parque é bem cuidado, tem espetáculos ao vivo, zoológico e brinquedos típicos de parques de diversões. Me aventurei a descer de uma tal Free Fall-Torre do Terror: uma caixa de metal que despenca a 90 km/h de uma altura equivalente a um prédio de 18 andares. Realmente um terror!
Vale o passeio. Sofia delirou.
Chegamos a Florianópolis à noite meio sem saber pra onde ir. Seguimos para o balneário de Jurerê Internacional ao norte da Ilha de Santa Catarina. É um recanto de casas luxuosas, mas infelizmente sem infra pra turismo, o local conta com pouco mais de duas pousadas. Tentamos ainda uma hospedagem no Hotel Íbis no centro, mas fomos informados que havia pouca possibilidade de hospedagem na ilha devido à grande procura no reveillon. Floripa possui 50 mil acomodações e havia 300 mil pessoas na cidade. Dormimos no Motel Dallas na BR-101 e decidimos seguir viagem para a cidade de Torres, na divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Famosa pelas fotografias nos livros de Geografia que mostram seus rochedos basálticos em formas de falésia. Vamos tentar o reveillon por lá.

Repetindo a beleza do trajeto da BR-101 a partir de Curitiba, viajamos apreciando a faixa costeira entre a Serra do Mar e o oceano, cortada por balneários. Uma paisagem que lembra muito nossa Costa Verde (guardando as especificidades de cada região, a formação geomorfológica é bastante similar). Em alguns trechos, próximo a Tubarão e depois em Sombrio, a BR-101 corre entre grandes lagunas.
É muito interessante ouvir o sotaque catarinense e acompanhar a divertida programação das rádios locais com comentários engraçados e as músicas típicas, com destaque claro, para o “fandango” gaúcho.