domingo, 6 de janeiro de 2008

De Torres à Montevidéu.

02/01/2008

Saímos de Torres ao meio-dia e fomos em direção à Campanha Gaúcha, a região vitivinicultora mais promissora do Brasil devido às suas peculiaridades climáticas, já que tem um clima mais seco do que o da Serra Gaúcha. Havíamos traçado nossa passagem pela região começando por Bagé, depois por Dom Pedrito e chegando à Santana do Livramento para isso nos baseamos em um site de vinhos (www.sitedovinhobrasileiro.com.br/folha.php?pag=mostra_regiao.php&num=CAM) e em informações dispersas sobre a região.
Depois de 8 horas e meia de viagem, descobrimos que Bagé, uma cidade tipo Itaperuna, não tinha nada pra oferecer de turismo para vinho Imaginei um passeio tipo Vale do Loire, rsss. Caros amigos, a Campanha é um tremendo vazio...linda paisagem, mas “totalmente vazia”. De Porto Alegre até Bagé (uns 400km), se vê pouca coisa, além de um calor intenso, seco e abafado. Mantenham o tanque cheio para não terem surpresas, porque vão encontrar vastas, vastas e vazias coxilhas.
Chegamos em Santana do Livramento por volta de 11 da noite e nos informamos sobre o camping que há do lado uruguaio, em Rivera (cidade fronteiriça com Santana do Livramento), no Parque Gran Bretaña. Fica à uns 7km do centro de Rivera, praticamente uma zona rural.
Bom, chegamos e o parque é enorme, tudo meio ermo, mas havia vigia um que nos atendeu àquela hora. Tudo com muita educação e presteza, aliás, essa é uma característica do uruguaio. O valor para estadia no parque é quase simbólico ($48), ou R$4,50 por pessoa. Armamos nossa barraca e ficamos por lá mesmo.





Entrada do Parque Gran Bretanã, em Rivera (Uruguai).












Local onde acampamos no parque.









Lago no Parque Gran Bretaña.
03/01/2008

Fomos atrás de um outro camping, pois no Gran Bretaña estava um pouco sujo devido ao grande movimento do fim do ano, além disso estava armando chuva.
Através de um livreto turístico das cidades, encontramos a Posada del Bosque (http://www.posadadelbosquerivera.com/). Um sítio-pousada extremamente familiar, aconchegante e tratado cuidadosamente pelos proprietários. A recepção e o atendimento foram excelentes, sem falar na simplicidade e conforto das acomodações. Se vier à Santana do Livramento não precisa nem procurar lugar pra ficar, vá direto à Pousada Del Bosque, nem que seja pra bater um papo com Antônio e sua mãe, Norma, pessoas espetaculares.
Nós e os amigos Antônio e Norma da Pousada del Bosque.
Santana do Livramento/Rivera .

A fronteira do Brasil com o Uruguai é muito interessante. Os dois países são divididos por uma praça, a Praça Internacional onde se encontram lado a lado as bandeiras dos dois países, ou seja, para atravessar de um país ao outro é só atravessar a praça. De cada lado da praça podemos ver as características de cada país, como os letreiros em cada língua, os pontos de táxi, etc. No entanto, brasileiros e uruguaios convivem em plena harmonia, por isso essa é conhecida como a fronteira da paz.
Vale muito passear pela rua Sarandi, a principal de Rivera. É uma rua muito descontraída, com lojas, restaurantes e o movimento de pessoas que se divertem até altas horas da noite. É uma mistura saudável dos dois povos e podemos dizer que é relativamente seguro circular pelas cidades. Para se ter uma idéia, existem bancas de câmbio, onde se negociam pesos, dólares e reais ao ar livre e sem grandes aparatos de segurança. As lojas exibem produtos importados à noite em grandes vitrines sem grades ou vigias, sem dúvida o clima é muito mais tranqüilo ao que já estamos habituados.
As bandeiras dos dois países na Praça Internacional.

O rural e o urbano.

Essa é realmente uma região onde percebemos ainda, a segmentação campo-cidade, pelo menos sob o ponto de vista físico. Os núcleos urbanos são quase que imediatamente limitados por zonas rurais. No caso de Rivera, por exemplo, após 5 ou 6 quadras já nos deparamos com sítios, áreas descampadas e terrenos vazios. Essa é uma característica do Sul do Brasil e dessa região. Ao passar por Porto Alegre e atravessar a ponte em direção à Guaíba, praticamente entramos em uma zona rural interminável. Dirigimos até Bagé e não atravessamos mais nenhum centro urbano. Isso chama a atenção porque estamos acostumados a uma grande metrópole como o Rio de Janeiro em que a conurbação é uma característica marcante do espaço metropolitano, ou seja, o espaço urbano é bastante contíguo.


04/01/2008

Passamos praticamente o dia em Santana do Livramento e acabamos por não visitar nenhuma vinícola. Ficamos entre fazer câmbio, compra a Carta Verde e almoçar. Havia próximo ao centro a Bodegas Carral, mas estava um pouco tarde e decidimos seguir viagem. Saímos por volta de 17h em direção à Montevidéu, uns 500km de Santana do Livramento. Na aduana só nos pediram a Carta Verde e a autorização de saída do veículo do país. Não pediram documentos do carro ou nossas identificações e nem revistaram o veículo. Não fomos parados durante o trajeto. Muito tranqüilo.
Pagamos uns 4 pedágios entre R$3,50 e R$4,50 até Montevidéu numa estrada (Ruta 5) que é um tapete.

Uruguai: um país bovino, ou melhor, divino!

A Ruta 5 (Rivera-Montevideu), corta longas extensões de pampas onde o que predomina são os pastos para a criação de gado. Com uma população de cerca de 4 milhões de habitantes, o Uruguai já foi considerado a Suíça da América do Sul, não apenas por ser um paraíso fiscal, mas também pela qualidade de vida da sua população. O Uruguai é um país com um grande número de adultos e idosos e uma economia que atravessa um longo período de estagnação o que estimula um grande número de jovens a deixarem o país, principalmente rumo à Europa. A sua base produtiva é a agropecuária e sua indústria está ancorada no beneficiamento destes produtos, como a produção de laticínios, carne, lãs, óleos vegetais, etc. Corta-se o país de norte a sul em poucas horas e não existem grandes centros urbanos. Tanto o Uruguai quanto a Argentina viveram seu auge econômico até o terceiro quartel do século XX, mais precisamente entre as décadas de 30 e 70, quando viveram períodos de grande prosperidade e seus governos, de certa forma, investiram em infra-estrutura e na qualidade de vida das suas populações, como educação e saúde. Percebemos esses tempos áureos na arquitetura das cidades, já um pouco acinzentadas.

Os preços

Os preços no Uruguai são mais ou menos os mesmos que no Brasil, para hospedagem por exemplo, mas a comida é mais barata. Um Real compra cerca de 11 pesos uruguaios. Uma boa referência é o combustível. Um litro de gasolina (mas gasolina!!!), custa R$2,90 e uma cerveja pequena R$2,10. Mesmo assim tem sido mais vantajoso fazer turismo nos países do Mercosul do que no Brasil, onde os preços são altos (hospedagem e alimentação) e as estradas são péssimas.

De forma geral, nestes países os gêneros de primeira necessidade têm preços bastante acessíveis para a população o que torna o custo de vida menos penoso para os mais pobres e para a classe média. O país é bem organizado e as pessoas levam uma vida simples, mas digna.

Montevidéu

Com seus 1,5 milhão de habitantes e localizada às margens do Rio da Prata, Montevidéu é uma belíssima e imponente cidade, com dezenas de imensos parques e praças cortadas por avenidas muito largas e arborizadas.

Quando chegamos na cidade já passava da meia-noite. Rodamos um pouco de carro até chegarmos ao centro, onde encontramos o Royal Plaza Hotel, na Azevedo Diaz, em Trez Cruces, no Centro, próximo à calle 18 de Julio, um 3 estrelas que custa U$55 o apartamento triplo, sem café da manhã. Modesto, mas bem razoável.



Vista de Montevidéu do Cerro Montevideo, onde há um forte.
No dia seguinte fomos tomar café e passear um pouco pela cidade. O que não há de pessoas e urbanização no restante do país encontramos em Montevidéu. A cidade é imensa!!! Tem uma arquitetura charmosa que combina arquitetura moderna, clássica e colonial. O sítiourbano está sobre uma grande península banhada pelo Rio da Prata.
Praça da Independência, no centro histórico de Montevidéu.
Estamos num camping sensacional em Punta Ballenas ao lado de Punta del Este. Depois, mais fotos e detalhes.

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